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Como Melhorar a Relação com seu Filho na Era Digital: Estratégias Práticas para Pais

Por Caroline de Montille Ferreira, Psicóloga



Na última década, com o envolvimento crescente de crianças e adolescentes com as tecnologias, a relação entre pais e filhos se tornou mais difícil. No entanto, existem maneiras de torná-la mais fácil, com conversas efetivas e trabalho em equipe.

Quando falamos em adolescência, o assunto é mais delicado, já que, além dos jogos, eles se comunicam digitalmente e usam as redes sociais.


Já é sabido que o uso excessivo de telas por adolescentes pode gerar diversos problemas, como:

Diminuição da atenção e concentração – O excesso de estímulos digitais prejudica a capacidade de foco.

Distúrbios do sono – A exposição prolongada à luz azul das telas interfere na produção de melatonina, afetando o sono.

Impacto na saúde mental – O uso excessivo pode aumentar a ansiedade, a depressão e a baixa autoestima, especialmente devido à comparação com vidas idealizadas nas redes sociais.

Isolamento social – A substituição das interações presenciais por virtuais pode comprometer o desenvolvimento de habilidades sociais.•

Queda no desempenho escolar – A distração com redes sociais e jogos pode prejudicar a produtividade e os estudos.

Sedentarismo e problemas físicos – O tempo excessivo sentado pode causar dores musculares, problemas posturais e aumentar o risco de obesidade.


Estratégias eficazes e práticas para melhorar a comunicação


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece estratégias eficazes, enfatizando a importância da comunicação clara e assertiva. Sugere que regras claras e consistentes ajudam a criar previsibilidade e segurança. Nas crianças que fazem terapia, trabalha-se com reestruturação cognitiva (ressignificação de pensamentos disfuncionais), ajudando adolescentes a pensar de forma mais equilibrada e, assim, a melhorar suas relações.


Confira algumas dicas valiosas para pais que desejam melhorar seu dia a dia com os filhos.


Comunicação Aberta e Respeitosa

• Demonstre interesse genuíno no que seu filho diz, sem julgamentos precipitados. Ouça até o fim, não julgue, coloque-se no lugar dele e dê sua opinião de forma leve e amigável.

• Em vez de dizer "Você só fica no celular!", tente "Percebi que tem passado bastante tempo online. Podemos conversar sobre isso?".

• Reconheça os sentimentos do adolescente antes de oferecer conselhos. Se não souber o que dizer, apenas acolha.


Definição de Regras e Limites Saudáveis

• Estabeleça acordos em vez de impor regras rígidas: "Quanto tempo de tela você acha razoável para equilibrar estudo e lazer?".

• Crie combinados em família sobre horários e locais de uso das telas, evitando o uso excessivo antes de dormir.

• Permita ajustes conforme as necessidades do adolescente. Tenha regras, mas mantenha a flexibilidade.

• Use reforço positivo, reconhecendo quando ele respeita os limites combinados e não apenas apontando quando não cumpre o esperado.


Incentivo ao Pensamento Crítico e à Autorregulação

• Incentive seu filho a ser mais ativo na vida, buscando hobbies, esportes e projetos que o desafiem e o engajem no mundo real.

• Ajude-o a perceber como a internet afeta seu humor e bem-estar.

• Sugira técnicas como a "regra dos 5 segundos" antes de postar algo impulsivamente. (Conte até 5 e pense se vale a pena postar, se não é ofensivo, se é necessário, se expõe algo ou alguém etc.)

• Ajude-o a entender e fortalecer suas capacidades, identidade e propósito para que não dependa das redes sociais para validação pessoal. (Número de seguidores e likes não equivale ao número de amigos e pessoas que gostam dele.)

• Seja o modelo. Não adianta reclamar e fazer exatamente o que se critica. Crianças, assim como adolescentes, aprendem com o exemplo.


Fortalecimento do Vínculo por Meio do Equilíbrio entre Atividades Offline e Online

• A relação não pode se basear apenas em discussões sobre o uso de tecnologia.

• Fortaleça a conexão por meio de momentos significativos, como refeições juntos, jogos de tabuleiro, prática de atividades como esportes, culinária, leitura ou passeios ao ar livre.

• Participe o máximo que puder do mundo digital do adolescente: conheça os jogos que ele joga e os influenciadores que segue.

• Ensine o uso saudável da tecnologia, promovendo períodos de "detox digital" e equilíbrio entre lazer online e offline.


Relação Baseada na Compreensão e Não no Controle

• Os adolescentes valorizam sua independência. Em vez de tentar controlá-los, mostre-se disponível para apoiá-los com quaisquer dúvidas e desafios online, como cyberbullying e exposição excessiva. A confiança mútua é essencial para que eles se sintam seguros em compartilhar suas preocupações.

• Seu objetivo maior deve ser ajudar seu filho adolescente a desenvolver autonomia e inteligência emocional para que a tecnologia seja uma aliada, e não um problema.

É evidente que o uso excessivo de telas tem causado uma série de desafios no desenvolvimento dos adolescentes, afetando desde a saúde mental até o desempenho escolar.


Embora existam estratégias eficazes para lidar com esses desafios, como a comunicação aberta, a definição de regras claras e o incentivo a atividades offline, é importante reconhecer que cada situação é única. O que afeta uma pessoa pode não afetar tanto outra, e as reações de cada indivíduo à aproximação parental são bem distintas.


Caso as dificuldades para implementar essas soluções se tornem persistentes ou mais complexas, é fundamental procurar o apoio de um profissional especializado, como psicólogos, que podem oferecer o suporte adequado para ajudar tanto os pais quanto os adolescentes a desenvolverem habilidades emocionais e comportamentais necessárias para enfrentar as demandas do mundo digital de forma equilibrada e saudável.


Artigo enviado por Caroline de Montille Ferreira, CRP 06/134214 Psicóloga Clínica formada pela Universidade Paulista, Pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista pela CBI of Miami, Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental para crianças e adolescentes pela CETCC. Entre em contato pelo WhatsApp clicando aqui.

 


Referências

"Terapia Cognitiva e os Transtornos Emocionais" (Beck, A. T., 1976) 

"Terapia Cognitiva: Fundamentos e Além" (Beck, A. T., 1995) /

“Sentir-se bem, a nova terapia do humor”" (Burns, D. D., 1980).

"Handbook of Psychotherapy Integration" (Norcross, J. C., Goldfried, M. R., 2005)

“Sozinhos Juntos”: o uso da tecnologia e seus impactos psicológicos (Turkle, S., 2011) “Mudança Mental: Como as Tecnologias Digitais Estão Deixando Sua Marca em Nossos Cérebros " (Greenfield, S., 2015)

“A síndrome do imperador: Pais empoderados educam melhor”(Leo Fraiman, 2019)

2 comentários

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19 de mar.
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Excelente!!!

Precisamos divulgar, para que mais pais saibam como agir da melhor forma. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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Patrícia Besseau
19 de mar.
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Texto maravilhoso 😍 Pra ser muito divulgado 🌟👏👏👏

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