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A importância de uma educação humanista sob a perspectiva da logoterapia

Atualizado: 7 de nov.

Uma crítica à educação conteudista

Por: Gilberto Lombardo Jr¹


Nas últimas décadas, a educação tem sido amplamente impactada por uma lógica produtivista que valoriza a eficiência, a mensuração de resultados e o acúmulo de conteúdo. Essa abordagem, embora útil em determinados contextos, revela-se limitada quando se trata da formação integral do ser humano. Diante dessa realidade, é urgente retomar uma concepção humanista de educação, que reconheça o aluno como um ser multidimensional, em constante busca de sentido e realização pessoal.


Neste sentido, a logoterapia — abordagem psicoterapêutica desenvolvida por Viktor Frankl — oferece subsídios valiosos para se pensar uma pedagogia centrada no sentido da existência. A partir do conceito de ontologia dimensional, Frankl propõe uma visão do ser humano que transcende a materialidade e a psicologia convencional, afirmando sua dimensão espiritual como núcleo de liberdade e responsabilidade. Este artigo pretende explorar as contribuições dessa visão para o campo educacional, dialogando com o pensamento pedagógico de São João Bosco e a filosofia de Santo Tomás de Aquino.


A educação conteudista e seus limites


A educação conteudista, centrada na memorização e repetição de informações, reflete uma visão fragmentada do processo de aprendizagem. Tal modelo ignora a complexidade do sujeito, reduzindo-o a um reprodutor de dados. Esse tipo de pedagogia não se ocupa da pergunta fundamental: para que educar?

Essa prática, muitas vezes enraizada em sistemas avaliativos rígidos, desconsidera o desenvolvimento da interioridade, da afetividade, da espiritualidade e da ética. Como alerta Frankl (2008), “a educação moderna fracassa ao preparar os jovens apenas para viver, e não para o que vale a pena viver”. Educar, portanto, não pode ser apenas um ato técnico, mas uma missão profundamente existencial.



A ontologia dimensional de Viktor Frankl e a formação integral


A logoterapia concebe o ser humano como um ente constituído por três dimensões: somática (corpo), psíquica (mente) e noética (espírito). Essa visão, chamada por Frankl de ontologia dimensional, sustenta que nenhuma dessas dimensões pode ser ignorada sem prejuízo à compreensão da pessoa.

É na dimensão espiritual — que não se confunde com religiosidade, mas com a ca- pacidade de atribuir sentido — que reside a liberdade e a responsabilidade humanas. Ao afirmar que “mesmo diante do sofrimento inevitável, a vida ainda tem sentido”, Frankl (2008) nos lembra que a educação também deve preparar o indivíduo para o enfrenta- mento da dor, da dúvida e do desafio, conduzindo-o à autotranscendência.

Dessa forma, uma educação fundamentada na logoterapia não pode ser neutra quanto ao sentido. Ela deve ser propositiva, ajudando ou educando a descobrir um propósito de vida, um “para que”, que dê coerência a seus atos, escolhas e relações.



A educação como ato de amor e virtude: Bosco e Tomás de Aquino

A pedagogia de São João Bosco é um exemplo histórico de educação humanista, centrada na valorização da pessoa e no cultivo da espiritualidade. Sua abordagem preventiva buscava criar um ambiente onde o jovem se sentisse amado e respeitado. “A educação é coisa do coração”, afirmava Dom Bosco (BOSCO, 2003), indicando que o verdadeiro aprendizado só ocorre quando há vínculo afetivo e reconhecimento da dignidade do educando.

Santo Tomás de Aquino, por sua vez, via a educação como um processo de orientação do ser humano para o bem, com base na razão iluminada pela fé. Para ele, “a finalidade da educação é formar pessoas virtuosas” (AQUINO, Suma Teológica, I-II, q. 57). A busca do bem e da verdade, segundo Aquino, é o que confere à educação seu caráter transcendente.



Conclusão


A educação humanista, à luz da logoterapia e da ontologia dimensional, propõe uma formação integral do ser humano, reconhecendo-o como sujeito em permanente construção de sentido. Esta abordagem se contrapõe à lógica conteudista que reduz o processo educativo à mera instrução técnica.

Educar é formar pessoas capazes de amar, de refletir criticamente, de assumir responsabilidades e de encontrar sentido mesmo nas adversidades. Como nos lembra Frankl (2008), “o ser humano não é produto das circunstâncias, mas de suas decisões”. Uma educação verdadeiramente significativa, portanto, é aquela que ajuda o sujeito a decidir-se por um sentido — e por um mundo — mais humanos.


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¹Gilberto Lombardo Jr

É Mestre e Bacharel em Filosofia, com especialização em Metafísica e Ciências pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma). Docente e Diretor da Faculdade de Filosofia do Instituto São Boaventura. Docente do curso de Filosofia do Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil. Pesquisador do grupo de pesquisa “O Vazio existencial na contemporaneidade e as possibilidades de realizar sentido”, do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.


Referências

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2001.

BOSCO, João. Memórias do Oratório de São Francisco de Sales. São Paulo: Salesiana, 2003.

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 33. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

FRANKL, Viktor E. A presença ignorada de Deus. Petrópolis: Vozes, 2011. FRANKL, Viktor E. Psicoterapia e Sentido da Vida. São Paulo: Quadrante, 2019.

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