Por Vanessa Squassoni, Scuola Internacional Italiana Eugenio Montale
É comum que haja uma preocupação de pais de alunos com a abordagem pedagógica em escolas tradicionais. Entre as preocupações estão a demora na alfabetização, a confusão que as crianças podem fazer em relação aos idiomas e o ensino de outras disciplinas ser prejudicado.
A Scuola Internacional Eugênio Montale reconhece desde sua fundação, há 40 anos, a importância de se aprender diferentes idiomas – italiano, inglês e português. No ensino médio, ainda é possível optar por aprender espanhol. Nesse aspecto, foi uma escola à frente de seu tempo – socialmente, a valorização do multilinguismo é relativamente nova, vinda da urgência de um mundo cada vez mais globalizado e conectado.
Os estudos científicos sobre os benefícios cognitivos de falar vários idiomas também são mais recentes. A diretora pedagógica da Montale, Vanessa Squassoni, afirma que um bom argumento é que o aluno adquire um conhecimento cultural muito mais amplo, pois as diferentes línguas são ensinadas por meio da cultura de cada país. “Não se trata da língua pela língua, mas de uma imersão em diferentes culturas, cuja língua é um aspecto fundamental, mas não único. Os alunos são preparados para a vida, tornando-se autônomos cidadãos do mundo”, diz Vanessa.
Ela esclarece que a tolerância e o respeito à diversidade linguística são inerentes ao multilíngue e esses valores são transpostos ao respeito a toda a diversidade cultural, contribuindo para uma sociedade mais igualitária e menos violenta contra o diferente. Em uma pessoa poliglota, o processo natural de deterioração cerebral é menor e mais lento e a capacidade de tomada de decisão torna-se mais rápida. Criar conhecimento a partir de do que se aprendeu anteriormente aguça a criatividade e, assim, a mente fica mais flexível.
Mas será que a alfabetização dá certo nas escolas internacionais?
“Há um mito em torno da alfabetização em escolas internacionais”, explica Vanessa. “Por ser um processo relativamente lento, algumas famílias julgam ser difícil, conturbado ou traumático de certa forma. Há muita expectativa de que os filhos se alfabetizem rapidamente, com 4 ou 5 anos, para que não fiquem ‘atrasados’, como se o tempo de alfabetização acelerado fosse sinônimo de muita inteligência ou maior capacidade”, ela conta. É comum que os pais, ao terem que escolher entre uma escola de língua materna nos primeiros anos de escolarização ou uma escola bilíngue, multilíngue ou internacional, acabem optando pela de língua materna por receio de dificultar a alfabetização da criança.
Geralmente, uma boa conversa com a escola ou com algum especialista faz essas lendas caírem por terra e a família passa a confiar mais na capacidade que todas as crianças possuem de serem educáveis e de se desenvolverem dentro de seu próprio tempo.
Vários estudos da neurociência mostram que os primeiros anos de vida são os mais efetivos e flexíveis para o aprendizado, uma vez que a atividade e desenvolvimento cerebral estão a pleno vapor. Na Montale, a educação é imersiva, ou seja, desde a educação infantil, os alunos realizam suas atividades com professoras que usam exclusivamente a língua italiana. Nessa fase, entram em contato com a língua escrita, por meio de leituras, organização da rotina e levantamento de hipóteses, entre outras formas. Porém não é nesse período que a alfabetização é sistematizada.
A sistematização da língua escrita ocorre nos anos iniciais do ensino fundamental em que as crianças passam a ser imersas em três línguas: a italiana, a portuguesa e a inglesa. A alfabetização ocorre simultaneamente. A maior parte da grade curricular acontece em italiano, pois a escola é paritária. Todas essas informações são passadas às famílias desde o primeiro contato que fazem com nossa equipe de coordenadores a fim de conhecer nossa proposta.
Os principais medos dos pais em relação às escolas internacionais
Há mitos ou percepções errôneas que repelem pais de uma escola internacional. Entre eles, a ideia de que os alunos não conseguirão passar nos vestibulares nacionais; o medo de confusão entre as línguas e receio da cultura brasileira não ser valorizada. “Há quem não se sinta à vontade com a possibilidade de o filho escolher estudar do exterior, tema o preço do investimento ou ache que ter acesso a outra cultura possa desvirtuar a cultura materna”, explica a diretora.
Confira abaixo as principais apreensões dos pais e como a Montale lida com essas questões no dia a dia com os alunos:
1. Demora um pouco mais para o processo de alfabetização ser concluído
Solução: esclarecer que tanto pela neurociência, pela pedagogia, quanto pela experiência dos profissionais da educação, essa relativa demora se enquadra nos parâmetros da BNCC, pois o processo de alfabetização e letramento só é concluído no final do primeiro ciclo do ensino fundamental, ou seja, terceiro ano primário. No caso da educação multilíngue da Montale, ao final do ensino fundamental teremos alunos que compreendem bem e usam com desenvoltura três línguas diferentes.
2. Confunde a criança
Solução: demonstrar que os alunos multilíngues adquirem uma capacidade cognitiva mais rica, sendo mais capazes de organizar estruturas cerebrais sem prejuízo ao processo de aquisição de conhecimentos. Não há uma “confusão” de vocabulário e sim uma escolha de elementos que vem dos aspectos culturais do uso da linguagem. É necessário saber que a troca de palavras no início é perfeitamente natural e a proficiência vem com o tempo. O cérebro é convidado constantemente a mudar de uma língua para a outra, desenvolvendo assim um maior controle sobre a linguagem do que os falantes apenas da língua materna. Também não há “mistura” e sim a seleção de uma língua sobre a outra.
3. Prejudica o desempenho nas outras disciplinas
Solução: as crianças possuem uma plasticidade cerebral muito maior que a do adulto, facilitando a aprendizagem multilingüe. Assim, quanto mais cedo forem expostas às diferentes línguas, mais fácil aprenderão a reconhecê-las e usá-las quando necessário.
Sobre Scuola Internacional Italiana Eugenio Montale
A Scuola Internacional Italiana Eugenio Montale tem compromisso com a formação integral dos alunos, um dos valores mais importantes do seu projeto pedagógico. Desde sua origem, é internacional e seus títulos de estudo são legalmente reconhecidos nos países da União Europeia e no Brasil. A escola é mantida por uma Associação Educacional sem fins lucrativos e os alunos encontram aqui um espaço totalmente voltado para o desenvolvimento de seus potenciais, com turmas pequenas e professores qualificados.
Para ver informações completas da escola Scuola Internacional Italiana Eugenio Montale, acesse o buscador de escolas particulares SchoolAdivsor. Clique aqui.
Comentarios