Respostas que você precisa ter para educar seus filhos com equidade de gênero
Você sabia que as mulheres brasileiras só foram autorizadas a frequentar a escola a partir de 1827? E que somente em 1879 puderam começar a ir às universidades?
Até 1827, a escola só podia ser frequentada por homens! Isso porque as mulheres carregavam o estigma da fragilidade e imbecilidade. O sexo feminino fazia parte de um grupo chamado, na época, de "imbecilitus sexus", grupo ao qual também faziam parte as crianças e os doentes mentais.
Quem foi a primeira mulher a ser alfabetizada?
Alguns historiados afirmam que a primeira mulher brasileira a ser alfabetizada foi a indígena Madalena Caramuru. Madalena aprendeu a ler e a escrever com seu marido, o português Alfonso Rodrigues.
Com acesso a livros e leituras, Madalena começou a manifestar preocupação com seu povo e na forma como eram tratados pelos portugueses. Em 1561 escreveu uma carta ao padre Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuíta enviada ao Brasil, pedindo o fim dos maus-tratos às crianças indígenas e o acesso das mulheres à educação, assim como acontecia com os homens.
O missionário recorreu à rainha de Portugal, Dona Catarina, em busca de autorização para a implementação das mudanças. Mas a rainha portuguesa via com maus olhos a inclusão feminina na educação formal e, por isso, as mulheres só tiveram acesso à educação em 1827.
E quando a escola passou a fazer parte da história das mulheres no Brasil?
Até a independência do Brasil, as mulheres brasileiras eram educadas apenas para cuidar da casa e dos filhos. A única alternativa para aquelas que desejavam escapar do analfabetismo era frequentar os conventos, sobretudo os europeus.
Foi apenas em 1827 que as mulheres adquiriram o direito à educação e à frequentar a escola. No entanto, apesar de poderem ir à escola, sua educação era segreda dos homens. Isso porque os colégios apresentavam currículos diferentes para homens e mulheres, e o ensino superior continuava proibido.
Quem foram as mulheres que participaram da luta pelo direito feminino de frequentar a escola?
Conheça abaixo quatro brasileiras que, assim a indígena Madalena Caramuru, lutaram pela inclusão das mulheres na educação.
Bertha Lutz
Bertha Lutz é filha do cientista Adolfo Lutz e uma das principais representantes da luta pelo voto e pelo acesso à educação femininos no Brasil no século XX.
Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), instituição que lutou pelos direitos civis e políticos das mulheres.
Entre suas realizações, estão a autorização do ingresso de meninas no Colégio Pedro II (um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro na época), o voto feminino e leis de proteção à mulher e à criança.
Antonieta de Barros
Antonieta de Barros era filha de escrava, nascida apenas 13 anos depois da Lei Áurea. Formou-se professora e fundou, em sua própria casa, um curso de alfabetização.
Foi a primeira mulher negra a exercer o cargo de deputada estadual no Brasil. Também foi professora, jornalista, ativista pelo amplo direito à educação e da valorização da cultura negra.
Nísia Floresta Brasileira Augusta
Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi educadora, escritora, feminista e abolicionista.
Filha de pai português e mãe brasileira, nasceu em 1810 no Rio Grande e estudou em um convento de carmelitas em Pernambuco, o que definiu sua trajetória profissional e pessoal
Fundou em 1838 o Colégio Augusto, direcionado para meninas, e altamente criticado pela sociedade da época devido à sua proposta inovadora. Isso porque a escola mesclava o ensino tradicional feminino - totalmente voltado preparar as estudantes para o matrimônio e maternidade - com conhecimentos de ciências, línguas, história, religião, geografia, educação física, artes e literatura.
Além disso, Nísia escreveu mais de 15 livros defendendo os direitos das mulheres, dos negros e dos indígenas.
Maria Guilhermina Loureiro de Andrade Maria Guilhermina Loureiro de Andrade fundou, em 1888, o primeiro curso de formação de professores de educação infantil do Brasil.
Nascida em Ouro Preto no ano de 1842 e filha dos proprietários do Colégio Andrade, que tinha várias unidades no Rio de Janeiro, Maria Guilhermina destacou-se também por seu ativismo a favor da inclusão das mulheres na educação.
Imagem: Wix
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