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Bullying e Cyberbullying: Entendendo as Diferenças e a Importância da Atenção dos Pais

Por Caroline de Montille Ferreira, Psicóloga Clínica


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O bullying e o cyberbullying são duas formas de agressão que afetam crianças e adolescentes em todo o mundo, mas que se manifestam em ambientes diferentes. Entender essas práticas é o primeiro passo para que pais e responsáveis consigam ajudar seus filhos assim que perceberem algo diferente.


Qual a diferença entre Bullying e Cyberbullying?


O bullying acontece pessoalmente, em ambientes como a escola e clubes. São atos de violência física ou psicológica, como agressões, apelidos maldosos, exclusão social e perseguição, praticados de forma repetitiva e intencional por um ou mais agressores contra vítimas que não conseguem se defender.


Já o cyberbullying é a extensão dessa violência para o ambiente digital. Utiliza a internet, redes sociais, aplicativos de mensagens e outras plataformas para humilhar, intimidar e ameaçar a vítima. Entre as práticas mais comuns estão a invenção de fake news, o envio de mensagens agressivas, o compartilhamento de fotos ou vídeos constrangedores e a criação de perfis falsos.


A principal diferença é que o cyberbullying pode acontecer 24 horas por dia, viralizando rapidamente e ampliando o alcance do assédio. Já o bullying pode ter um “fim” quando a vítima volta para casa, além de, em alguns casos, ser resolvido de forma mais rápida e restrita quando descoberto — algo bem mais complicado no ambiente digital.


Consequências e a necessidade da atenção dos pais e responsáveis


Tanto o bullying quanto o cyberbullying são muito graves, e as consequências podem deixar marcas profundas nas vítimas.

Manter um diálogo aberto e franco sobre o uso ético e seguro da internet é uma das principais ferramentas de prevenção. Conversar sem julgar, oferecer apoio e, se necessário, procurar ajuda profissional e da escola são passos essenciais para combater o problema e proteger a saúde mental e o bem-estar dos filhos.


É essencial que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos e monitorem suas atividades online. Muitas vezes, crianças e adolescentes não contam que estão sofrendo agressões, por medo ou vergonha. Somente estando atentos às atitudes deles será possível ajudá-los e evitar um sofrimento prolongado.


É importante observar sinais como: chegar da escola com arranhões, hematomas não explicáveis, material escolar faltando ou quebrado, roupas rasgadas, entre outros indícios.


Sinais de que a criança ou adolescente pode estar sofrendo bullying:


  • Isolamento social e tristeza

  • Mudança de humor

  • Queda no desempenho escolar

  • Crises de ansiedade, depressão e síndrome do pânico (recusar-se a ir à escola, perder interesse em atividades antes prazerosas, permanecer muito tempo na cama)

  • Baixa autoestima, autodepreciação e desesperança

  • Mudanças no sono ou apetite (dificuldade para dormir, falta ou excesso de apetite)

  • Em casos extremos, pensamentos suicidas e automutilação (ficar atento ao uso frequente de mangas longas ou calças, mesmo no calor)

  • Reclamações frequentes de dores de cabeça ou estômago

  • Cansaço excessivo, especialmente em dias de aula


Sinais relacionados ao cyberbullying:


  • Nervosismo ou ansiedade ao receber mensagens, esconder a tela do celular ou computador, e evitar falar sobre atividades online

  • Exclusão repentina de perfis em redes sociais ou abandono do uso do celular

  • Tristeza, irritação ou ansiedade logo após usar o computador ou o celular


O que fazer quando seu filho é o agressor?


Descobrir que seu filho pratica bullying ou cyberbullying é frustrante, chocante e assustador. Ainda assim, é fundamental agir de forma rápida e construtiva. Lembre-se: o problema é o comportamento, e a criança ou adolescente pode aprender a agir de outra maneira.


Como agir quando seu filho é o agressor


  1. Mantenha a calma

    Respire fundo e ouça o que seu filho tem a dizer.


  2. Não minimize e seja firme

    Explique que bullying e cyberbullying têm consequências graves para quem sofre e para quem pratica. Seja firme, diga que o ama, mas deixe claro que esse tipo de atitude é inaceitável.


  3. Busque entender as causas

    O comportamento agressivo costuma estar ligado a questões mais profundas: baixa autoestima, pressão dos colegas, aprendizado de atitudes violentas ou até experiências anteriores de bullying. Dar espaço para que a criança fale já é um grande passo para a mudança.


  4. Estabeleça consequências

    Mostre que toda atitude errada tem consequências, seja dentro de casa ou pela lei. Isso pode incluir pedir desculpas à vítima, restrição do uso das redes ou outras medidas educativas.


  5. Ensine empatia e comportamento positivo

    Ajude seu filho a se colocar no lugar do outro, reconhecer emoções e encontrar formas saudáveis de lidar com elas. Reforce atitudes gentis e empáticas, elogie quando demonstrar comportamentos positivos.


  6. Comunique-se com a escola

    Entre em contato com professores e coordenadores para criar um plano conjunto de ação e promover um ambiente escolar mais saudável.


  7. Procure ajuda profissional

    Se necessário, busque apoio de psicólogos ou terapeutas para compreender as causas do comportamento e apoiar o desenvolvimento do seu filho.


Como agir legalmente em caso de bullying ou ciberbullying


  • Reúna provas: documente tudo. Faça prints (capturas de tela) de conversas, postagens, fotos e perfis dos agressores.

  • Registre um Boletim de Ocorrência (B.O.): vá até uma delegacia, de preferência especializada em crimes cibernéticos.

  • Procure apoio jurídico: um advogado pode orientar sobre medidas legais, incluindo processos por danos morais contra os agressores ou seus responsáveis.


Conclusão


O bullying e o cyberbullying representam desafios significativos na vida de crianças e adolescentes, com impactos que ultrapassam os limites da escola e do ambiente físico. Enquanto o bullying acontece em interações presenciais, o cyberbullying amplia a agressão para o universo digital, tornando-a constante e de maior alcance.


A atenção dos pais é indispensável. Reconhecer sinais de que o filho pode ser vítima — ou

mesmo o agressor — é o primeiro passo para uma intervenção eficaz.


Mais do que a punição, a prevenção, o diálogo e o apoio são os pilares para combater o bullying. Promover a empatia, a inteligência emocional e a parceria entre família, escola e sociedade é fundamental para construir ambientes mais seguros e saudáveis para o desenvolvimento das crianças e adolescentes.


Sobre a autora


Caroline de Montille Ferreira (CRP 06/134214) é Psicóloga Clínica formada pela Universidade Paulista, Pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista pela CBI of Miami, Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental para crianças e adolescentes pela CETCC.


Para saber mais sobre o trabalho da Caroline, entre em contato com 11 97509-8483

 

1 comentário

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Victor
22 de ago.
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Texto muito bem estruturado, direto ao ponto e me ajudou com um amigo na escola que estava sofrendo bullying!

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