Bullying e Cyberbullying: Entendendo as Diferenças e a Importância da Atenção dos Pais
- SchoolAdvisor Brasil

- 22 de ago.
- 4 min de leitura
Por Caroline de Montille Ferreira, Psicóloga Clínica

O bullying e o cyberbullying são duas formas de agressão que afetam crianças e adolescentes em todo o mundo, mas que se manifestam em ambientes diferentes. Entender essas práticas é o primeiro passo para que pais e responsáveis consigam ajudar seus filhos assim que perceberem algo diferente.
Qual a diferença entre Bullying e Cyberbullying?
O bullying acontece pessoalmente, em ambientes como a escola e clubes. São atos de violência física ou psicológica, como agressões, apelidos maldosos, exclusão social e perseguição, praticados de forma repetitiva e intencional por um ou mais agressores contra vítimas que não conseguem se defender.
Já o cyberbullying é a extensão dessa violência para o ambiente digital. Utiliza a internet, redes sociais, aplicativos de mensagens e outras plataformas para humilhar, intimidar e ameaçar a vítima. Entre as práticas mais comuns estão a invenção de fake news, o envio de mensagens agressivas, o compartilhamento de fotos ou vídeos constrangedores e a criação de perfis falsos.
A principal diferença é que o cyberbullying pode acontecer 24 horas por dia, viralizando rapidamente e ampliando o alcance do assédio. Já o bullying pode ter um “fim” quando a vítima volta para casa, além de, em alguns casos, ser resolvido de forma mais rápida e restrita quando descoberto — algo bem mais complicado no ambiente digital.
Consequências e a necessidade da atenção dos pais e responsáveis
Tanto o bullying quanto o cyberbullying são muito graves, e as consequências podem deixar marcas profundas nas vítimas.
Manter um diálogo aberto e franco sobre o uso ético e seguro da internet é uma das principais ferramentas de prevenção. Conversar sem julgar, oferecer apoio e, se necessário, procurar ajuda profissional e da escola são passos essenciais para combater o problema e proteger a saúde mental e o bem-estar dos filhos.
É essencial que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos e monitorem suas atividades online. Muitas vezes, crianças e adolescentes não contam que estão sofrendo agressões, por medo ou vergonha. Somente estando atentos às atitudes deles será possível ajudá-los e evitar um sofrimento prolongado.
É importante observar sinais como: chegar da escola com arranhões, hematomas não explicáveis, material escolar faltando ou quebrado, roupas rasgadas, entre outros indícios.
Sinais de que a criança ou adolescente pode estar sofrendo bullying:
Isolamento social e tristeza
Mudança de humor
Queda no desempenho escolar
Crises de ansiedade, depressão e síndrome do pânico (recusar-se a ir à escola, perder interesse em atividades antes prazerosas, permanecer muito tempo na cama)
Baixa autoestima, autodepreciação e desesperança
Mudanças no sono ou apetite (dificuldade para dormir, falta ou excesso de apetite)
Em casos extremos, pensamentos suicidas e automutilação (ficar atento ao uso frequente de mangas longas ou calças, mesmo no calor)
Reclamações frequentes de dores de cabeça ou estômago
Cansaço excessivo, especialmente em dias de aula
Sinais relacionados ao cyberbullying:
Nervosismo ou ansiedade ao receber mensagens, esconder a tela do celular ou computador, e evitar falar sobre atividades online
Exclusão repentina de perfis em redes sociais ou abandono do uso do celular
Tristeza, irritação ou ansiedade logo após usar o computador ou o celular
O que fazer quando seu filho é o agressor?
Descobrir que seu filho pratica bullying ou cyberbullying é frustrante, chocante e assustador. Ainda assim, é fundamental agir de forma rápida e construtiva. Lembre-se: o problema é o comportamento, e a criança ou adolescente pode aprender a agir de outra maneira.
Como agir quando seu filho é o agressor
Mantenha a calma
Respire fundo e ouça o que seu filho tem a dizer.
Não minimize e seja firme
Explique que bullying e cyberbullying têm consequências graves para quem sofre e para quem pratica. Seja firme, diga que o ama, mas deixe claro que esse tipo de atitude é inaceitável.
Busque entender as causas
O comportamento agressivo costuma estar ligado a questões mais profundas: baixa autoestima, pressão dos colegas, aprendizado de atitudes violentas ou até experiências anteriores de bullying. Dar espaço para que a criança fale já é um grande passo para a mudança.
Estabeleça consequências
Mostre que toda atitude errada tem consequências, seja dentro de casa ou pela lei. Isso pode incluir pedir desculpas à vítima, restrição do uso das redes ou outras medidas educativas.
Ensine empatia e comportamento positivo
Ajude seu filho a se colocar no lugar do outro, reconhecer emoções e encontrar formas saudáveis de lidar com elas. Reforce atitudes gentis e empáticas, elogie quando demonstrar comportamentos positivos.
Comunique-se com a escola
Entre em contato com professores e coordenadores para criar um plano conjunto de ação e promover um ambiente escolar mais saudável.
Procure ajuda profissional
Se necessário, busque apoio de psicólogos ou terapeutas para compreender as causas do comportamento e apoiar o desenvolvimento do seu filho.
Como agir legalmente em caso de bullying ou ciberbullying
Reúna provas: documente tudo. Faça prints (capturas de tela) de conversas, postagens, fotos e perfis dos agressores.
Registre um Boletim de Ocorrência (B.O.): vá até uma delegacia, de preferência especializada em crimes cibernéticos.
Procure apoio jurídico: um advogado pode orientar sobre medidas legais, incluindo processos por danos morais contra os agressores ou seus responsáveis.
Conclusão
O bullying e o cyberbullying representam desafios significativos na vida de crianças e adolescentes, com impactos que ultrapassam os limites da escola e do ambiente físico. Enquanto o bullying acontece em interações presenciais, o cyberbullying amplia a agressão para o universo digital, tornando-a constante e de maior alcance.
A atenção dos pais é indispensável. Reconhecer sinais de que o filho pode ser vítima — ou
mesmo o agressor — é o primeiro passo para uma intervenção eficaz.
Mais do que a punição, a prevenção, o diálogo e o apoio são os pilares para combater o bullying. Promover a empatia, a inteligência emocional e a parceria entre família, escola e sociedade é fundamental para construir ambientes mais seguros e saudáveis para o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Sobre a autora
Caroline de Montille Ferreira (CRP 06/134214) é Psicóloga Clínica formada pela Universidade Paulista, Pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista pela CBI of Miami, Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental para crianças e adolescentes pela CETCC.
Para saber mais sobre o trabalho da Caroline, entre em contato com 11 97509-8483




Texto muito bem estruturado, direto ao ponto e me ajudou com um amigo na escola que estava sofrendo bullying!